segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Ele & Ela

Ele olhava carinhosamente para ela, nada mais importava naquele momento. Tinham de correr como fugitivos foras-da-lei para viver essa vida. Tocava seu corpo de curvas sinuosas com a voracidade dos dedos disfarcadamente pacientes. Adorava tê-la posta contra seu quadril, junta a si, formando um só corpo, sob o campo de seus olhos fixos, sob o alcance de seus dedos precisos. Ela clamava pelo toque de seus dedos e perguntava se ele estava bem. Ele pensava: Devo estar bem, meu coração continua a bater. A adorava e esperava ouvir os sons da resposta de uma manifestação recíproca. Não sabia se era necessariamente amor, mas os sons que ela fazia falavam por ele. Era a única que enxergava seu verdadeiro ser, sem necessariamente entendê-lo. Ela o exprimia da melhor forma possível. Sem ela, sentia-se incompleto. Inclinava a cabeça, virava-se para ela, tocava-a nos lugares exatos, nos momentos exatos e o som era perfeito. Música para seus ouvidos. Ali, era como além do arco-íris, era como se fosse amigo do rei. Um artista com o cunhão do verdadeiro significado da palavra. Tinha amor, esperança, e conhecia o seu verdadeiro eu. Esses momentos de toques e sons incessantes eram seu ópio, tudo se resumia em vazio naquela hora além daquilo. Daquilo, era impossível achar uma definição, podia ser tudo. O amor extrapolava suas veias e clamava sob seus dedos através das cordas dela, vocais. Os sons se espalhavam, e aquilo podia ser algo capaz de mudar o mundo. De mudar tudo pra sempre. Não podia ficar sem ela, sem sua voz, sem aquilo que lhe proporcionava. Era mágica. Muito além da ilusão dos campos de morango. O amor como a canção só tem razão se a cantar, não havia ele sem ela e música sem os dois.

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