sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Bem-me-quer, Mal-me-quer

No tempo das donzelas em perigo, uma jovem, assim como tantas outras, sonhava com o futuro. Elas não se reuniam nas luas cheias nem queimavam soutiens, mas com as raras bonecas de porcelana fantasiavam sobre seus casamentos e aprendiam a ser meninas prendadas.
Nas tardes depois da escola ela caminhava de vestido pelas ruas de paralelepípedos para entregar as compotas que sua mãe fazia. Em uma das casas mais bonitas daquela rua um jovem sempre a esperava no parapeito da janela do piso superior com um sorriso no rosto para vê-la passar.
Desta vez, quando ela passava com o pote de doces caseiros, ele deixou cair um ramalhete de margaridas que havia colhido. Ela sorriu, entregou os doces e saiu com as flores. Pegou uma das margaridas, pensou no rapaz de olhos azuis que andava de lambreta e jaqueta de couro e começou a tirar as pétalas uma por uma bem devagar.