quinta-feira, 3 de março de 2011

Da paixão das ruas sujas ao choro do bairro burguês

Quando as nuvens aparecem sobre o micro
E a cidade se esvai no macro
Nada mais faz sentido sob a Lua serena.
Por que tudo tem que ser normal?

Eu me disfarço,
Eu me desfaço
Da alegria pueril
Que protesta contra mim

Eu me disfarço,
Eu me desfaço
Andando por ruas vazias
Onde jamais lanças teu olhar

Ruas escuras e sujas
Cheias de sentido
Do olfato ao tato
Dos dejetos do sistema

Eu me desfaço,
Eu me disfarço
Do super-herói ao vilão
E não acerto na dose

Eu me desfaço,
Eu me disfarço
Como um bêbado pairando morto
Sem resposta pra dar a rua

A pétala do bem-me-quer
Com voz amena me disse
Que podes fugir de mim,
Mas algo maior nos liga

Eu me disfarço,
Eu me disfarço
Perante a moça do olhar incógnito
Que jamais ousaria chorar por mim

Eu me desfaço,
Eu me desfaço
Sob esse algo que se estende além do Aleph
Pelo universo, e maior que a nossa existência.