segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Faroeste Caboclo

O cenário era árido e abafado, as solas de suas botam tocavam o solo seco e pedregoso penitentemente ao atravessar aquele vazio esquecido. Ao se aproximar da porta e tirar o chapéu feito de material grosseiro pode-se ver seu rosto envelhecido pelo sol e pelo trabalho árduo. Pendurou sua espingarda nas costas com uma tira transversal, bateu uma bota contra a outra a fim de sacudir a poeira e entrou humildemente. Fez uma genuflexão e se encaminhou rumo ao confessionário. Quando chegou a sua vez de ser atendido disse:
- Bom dia seu padre, eu pequei. Conheci uma mulher e...
- De novo meu filho! Não posso continuar te absolvendo assim nem com mil ave-marias.
- Mas antes da bronca espere, pois o senhor não me deixou nem ao menos contar como ela era!
- Ah! Eu não quero saber como era essa mulher; artifício do cão!
- Pois eu não entendo seu padre, nos mandamentos não se diz que é pecado cobiçar a mulher do próximo? Então, eu acho que ela não era de ninguém não.
- Isso continua a ser pecado porque você é um homem casado! Seus atos são atentados contra o santíssimo sacramento, e dessa forma eles são uma afronta a vontade de nosso Senhor.
- Ai, eu continuo sem entender nada então! Nem assinar papel nenhum eu assinei...
- Dai-me forças, oh santíssimo que morreu na cruz! O que você tem que entender é que se continuar com essa postura vai acabar ardendo no inferno!
- Cruz credo! Vira essa boca pra lá! Ê padinho, o senhor sabe não é, o Tinhoso só tenta quem está perto de Deus.
- E você meu filho, por misericórdia, continua caindo em tentação do coisa ruim!
- Como diz o povo por aí, é só misturando mesmo pra saber o que vai dar... Bom, tenho que voltar pra fazenda. Agradecido seu padre, até a próxima.
O padre suspirou desiludido:
- Dê-me forças Senhor!

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