sexta-feira, 13 de julho de 2012

Ventos Uivantes


O que seria de algumas pessoas
Se não fossem outras pessoas
O que seria das flores
Se não chovessem lágrimas

O solo em que
Brotam cores também
Consome corpos aquém
Perdidos em meio ao tudo e ao nada

Porque o tempo nos mostra
Amargor ao longo da história
E num hiato cotidiano pode
Florescer beleza e doçura

Pelo amor e pela morte
As flores irrompem
Nada se cria e nada se perde
Até o conflito se transforma

Desejava o sono compartilhado
Quando não mais o podia
O valor da perda sem preço
Restou uma cicatriz na terra

Vidas além dos túmulos
Nutrem o pólen campestre
De um verde longevo
Cravado de pedra e memória

O que sentem algumas pessoas
Ou o que pensam outras pessoas
Não torna lembrança em presença,
Não faz o vento soprar nem para o tempo.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Na poesia não há contradições. Estas existem apenas no mundo real, não no mundo da poesia. Aquilo que o poeta cria, tem de ser aceito tal como ele o criou. O seu mundo é exatamente como foi feito. Aquilo que o espírito poético gerou precisa ser acolhido pela sensibilidade poética. A análise fria destrói a poesia e não produz nenhuma realidade."